sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mais Dimi escritor

“JORGE, UM BRASILEIRO”

Jorge. O nome dele é Jorge. Embora alguns insistissem em chamá-lo de Jorjão. Ou “Gangrest”, por conta de um filme que ele assistiu e não conseguiu assimilar bem o termo que definia os integrantes da Máfia. O sobrenome, bem, o sobrenome podia ser qualquer um, visto que ele e todos seus irmãos foram dados para outras famílias quando crianças, numa história que até hoje não entendo bem. Magalhães, Cruz, Campos, todos legítimos irmãos espalhados por esse chão de meu Deus. Nós nos tornamos Silva . Minha irmã e eu nos auto denominamos Xilva, isso após uma visita ao Rio de Janeiro.
Jorge! Sabe quando uma pessoa consegue se tornar mais amigo do seu amigo que você. E dá-lhe diferenças de idade, cultura, educação. Pois é, assim é o Jorge, dono de um magnetismo fora do comum.
Lembro quando ele me acordava prá assistirmos F-1 ou do modo brusco e doce com que ele despertava a mim e ao meu irmão para que fossemos ajudá-lo no duro ofício de calceteiro. Não sabe o que é calceteiro? O colocador de pedras em muros, paredes, solários, etc. Pura arte, que ele admirava como ninguém, embora seu maior gosto sempre tenha sido a música. Pois é, ele formou uma dupla caipira com o irmão: Zé Valente e Lampião! Mas, embora fossem irmãos, havia muita diferença, e... de volta à pedreira. Literalmente, foi lá que tudo começou, onde ele conheceu minha mãe. Tupaciguara –MG.
Jorge se mudou prá uma cidade maior, foi ali que eu nasci. Sempre juntos. Juntos mesmo! Dormíamos os cinco no mesmo quarto - engraçado, não me lembro se ele roncava nessa época - agora, me lembro bem dele chegando de madrugada, de São Paulo, com doces cristalizados que ele fazia questão de esconder para que eu e meus irmãos procurássemos. Que crise cambial, que nada! A vida era pura magia!
Hoje, algumas pessoas dizem que ele morreu. Dia três de Fevereiro de 1995. Sinceramente não acredito. Ele está sempre comigo!
N’é paiê?!?

Um comentário:

  1. Eu sou a jornalista, mas parece que você é quem tem o dom da palavra, mano... Em todas as linhas, senti lágrimas nos olhos, mas logo vi o Jorjão sorrindo, dizendo pra nós: "meninos, parem de gozar os outros"! Logo ele... Mas, está tudo certo: ele está sempre comigo também. Nos meus sonhos, então, é personagem principal pelo menos uma vez por semana. Salve, Jorjão.

    ResponderExcluir